Elizabeth Gilbert se tornou
uma autora querida por mim depois que li "Comer, rezar, amar". Lembro
que fiquei muito inspirada em viajar, conhecer novas culturas e também em
escrever. A partir daí, comecei a segui-la no Facebook e vi o quanto ela é
fantástica. Foi na mesma página também que descobri que estava lançando um novo
livro, mas que ainda não tinha tradução em português. Esperei; o livro foi
lançado no Brasil; comprei e li. Ele se chama "A assinatura de todas as
coisas".
Quando comprei o livro, não
fazia muita ideia do que se tratava. A única coisa que sabia era o resumo atrás
do livro, e que não dizia muita coisa, ou melhor, dizia tudo, mas eu não tinha
noção de como seria essa leitura.
É um romance fictício mas que
inclui alguns personagens e lugares reais.
Foi logo no ínicio, no
prólogo, que Alma Wittaker foi chegando, aconchegando e ficando no meu coração
(hehe). A história se baseia em sua vida, e se inicia contando sobre seu pai em 1760 (ano de seu nascimento) e como
ele conseguiu tanta riqueza. Elizabeth escreveu: "Como seu pai conseguira
conquistar tamanha riqueza é uma história que vale a pena ser contada aqui,
enquanto esperamos a menina crescer e voltar a atrair nosso interesse".
Seu pai se chamava Henry
Wittaker, filho de pais humildes, mas com muita ambição e paixão pela plantas,
aos poucos foi criando seu império. Andou o mundo de navio, conhecendo novas
espécies. Se casou com Beatrix, uma holandesa tão instruída que chegava a
assustar, falava cinco línguas vivas e duas mortas, e com um conhecimento de
botânica que poderia se igualar a qualquer homem.
Alma, filha do casal, nasceu
em 1800, não era uma menina bonita, mas puxou à mãe no que se refere à
inteligência. Era capaz de discutir assuntos de adultos em jantares em sua
casa, chamada de White Acre, e até mesmo fazer negociações. Era uma menina
teimosa e queria saber o porquê de tudo.
A história se passa em anos, é
cheia de aventuras de navios, fatos históricos, plantas (muitas plantas!) e tem
várias personagens. Uma delas foi Retta Snow, que também ganhou um pedacinho do
meu coração, assim como conquistou o de todos em White Acre. Outra personagem foi
Hanneke de Groot, a governanta, que estava sempre de braços abertos à Alma e a
protegia do medo no meio da noite, enquanto dava seus conselhos. Prudence,
também é uma personagem chave para essa história e ajuda indiretamente Alma em uma reflexão sobre sua teoria evolutiva.
Durante sua vida, desde muito
pequena, Ameixa, como Alma era chamada carinhosamente por seu pai, fazia
explorações no terreno de White Acre, capturava espécies para observar em seu
microscópio, e se tornou uma mulher da Botânica de grande respeito,
especialista em musgos, levando em frente o legado de seu pai.
Desiludida no amor e
solitária, conhece um jovem desenhista de orquídeas, Ambrose Pike, que faz com
que a história se desenrole de uma maneira emocionante e misteriosa. Conseguiu
arrancar de mim uma certa decepção, mas que fique claro, somente pelas minhas
expectativas terem sido outras. Depois, Alma vai até os confins da Terra para
descobrir não só algo sobre Pike, mas também sobre sua própria natureza.
A Srta. Wittaker se depara com
questões sobre sexualidade, amor, estudos da ciência, relacionamentos
familiares e uma vida brilhante, apesar de que muitos considerariam uma vida
com pouca dose de sorte em alguns aspectos, mas tudo ajudou Alma a ser quem ela é.
Entre anos, jantares em White
Acre, explorações e estudos de musgos, amizade, viagens e descobertas,
Elizabeth Gilbert nos encanta com sua escrita leve e agradável. Virei ainda mais fã! Além disso, a autora fez
inúmeras pesquisas para poder escrever esse romance. Em uma entrevista para o
New York Times ela diz:
"Minha
intenção original era contar a história de uma mulher de muito alto intelecto
cujos talentos não foram reconhecidos, porque ela era uma mulher. Mas, como eu
fiz pesquisa, tive problemas com essa linha de história porque elas foram muito
bem vistas. Elas
eram raras, estas mulheres. Se tivessem sido os homens, eles teriam tido uma
vida mais fácil. Elas não foram bem recebidas no Royal Society ou Sociedade
Filosófica Americana. Mas isso não as impediu de trabalhar. Elas publicaram
amplamente, elas ensinaram, elas argumentaram, elas se mantiveram firmes em
questões de taxonomia e identificação das espécies. O que mantém Alma de volta,
em última análise, é o seu perfeccionismo, não seu sexo."
Mas então, o que tem a ver o
título do livro com a história? Foi a pergunta que fiz a mim mesma quando
comecei a ler. Se você se pergunta a mesma coisa, fique tranquilo (a), durante
a leitura você irá descobrir.
O Livro, em suas 513 páginas (1ª
edição), é encantador e instigante, fazendo o leitor querer virar páginas e
mais páginas até acabar. Mas quando vai chegando ao final, o envolvimento com
as personagens é tanto, que dá vontade de ler devagar, e devagar, para não
acabar e ter que despedir delas (hahaha). Ainda bem que no mundo dos livros,
podemos visitá-las sempre que quisermos que vão estar sempre vivas.
A História me arrancou
suspiros, risos, choros, decepções e surpresas, e espero que você tenha emoções
assim como eu ao ler essa obra.
Recomendadíssimo!
★★★★★
"A violência do amor,
Alma refletiu, às vezes era a violência mais impiedosa de todas".
Elizabeth Gilbert em "A assinatura de todas as coisas"